Histórico
Futebol Pernambucano
Uma terra sem esperança
postado em 05 de janeiro de 2025

Claudemir Gomes

 

Em todo início de ano as pessoas se enchem de esperança. Um sentimento que se apossa dos seres humanos em todos os continentes. Creio eu que isso faz um bem a toda humanidade. Mas neste universo imensurável existem filigranas que resistem às mudanças, tal como o futebol pernambucano.

No quarto dia da nova temporada testemunhamos a desclassificação dos dois representantes pernambucanos - Santa Cruz e Retrô - no torneio classificatório para a Copa do Nordeste. Evidente que, o impacto de tal desastre é devastador para o clube de massa, para a agremiação centenária, o Santa Cruz, que há menos de uma década (2016) disputou o Brasileiro da Série A escudado no título de Campeão do Nordeste. O Retrô é um clube emergente, criado pelo seu dono para ser chamado de meu.

Jogo encerrado, busquei o registro da reação dos tricolores que, movidos pela esperança, foram ao Arruda hipotecar sua solidariedade ao time que passou mais de nove meses parado. Para a massa coral aquele jogo representava o primeiro passo do soerguimento de um dos clubes mais populares do futebol brasileiro. Frustração geral. Os comentários dos cronistas esportivos não foram além do fato, ou seja, da fatídica derroa - 2x1 - para o Treze de Campina Grande. O que aconteceu foi apenas a queda de mais um tijolo desse assustador desmoronamento que vem destruindo futebol pernambucano.

Foi inevitável não traçar um paralelo entre o Santa Cruz dos anos 70 do século passado, e o Santa Cruz dos dias de hoje. O "Gigante" desidratou, definhou. O pior: até o momento ninguém encontrou um antidoto para o seu mal. Os paliativos aplicados não passam de garapas ineficazes.

O Santa Cruz dos dias de hoje é uma das respostas da desastrosa gestão do futebol pernambucano - FPF - peça importante na engrenagem da CBF, uma máquina que não acompanha o ritmo das grandes confederações.

Como uma entidade deixa que um filiado passe nove meses sem disputar um jogo sequer? Jogadores de xadrez e de dominó precisam estar ativos, imaginem atletas de futebol profissional.

Observo que as discussões são muito superficiais. O presidente da Federação vomita um monte de besteiras enquanto os presidentes dos clubes se calam e aplaudem. Eis a razão pela qual, nas dez últimas edições da Copa do Nordeste os cearenses levantaram dez títulos contra dois dos baianos, um pernambucano e um maranhense. O futebol pernambucano ficou nanico até na região.

O ano está apenas começando. Vem aí, no próximo final de semana, a abertura do Campeonato Pernambucano, que a julgar pela qualidade da maioria dos dez clubes participantes, teremos um verdadeiro show de horrores.

É isso aí: esperança de um ano melhor para o futebol pernambucano, ao que tudo indica, não vai passar de uma promessa de Papai Noel.

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