JOSÉ JOAQUIM PINTO DE AZEVEDO - blogdejj.esporteblog.com.br
O debate sobre o calendário nacional mostra bem o
desconhecimento de todos os segmentos envolvidos de uma realidade que aflige o
futebol brasileiro.
A maioria dos clubes profissionais do Brasil vive de sonhos, visto que as suas existências são apenas para uma disputa anual, que dura no máximo quatro meses e depois desaparece do mapa esportivo.
Este é o maior e mais contudente problema desse esporte, cujo calendário pela sua irracionalidade os deixam fora de uma atividade fim que faz parte de suas existências.
Qual o motivo da existência das entidades, se são sazonais, pouco produzem e fecham as suas portas na espera do próximo ano?
Enquanto os ¨gênios¨ que fazem o futebol de nosso país não entenderem que existe a necessidade, inclusive a obrigação legal de que os clubes joguem no mínimo 10 meses por temporada anual, o esporte cada dia afundará no abismo que se encontra há um bom tempo.
Necessário se faz separar o joio do trigo, e torna-se importante um censo para que seja detectada a realidade de todos os clubes profissionais registrados na CBF, a fim de que sejam definidos os rumos a serem tomados.
Deveriam ter pelo menos o mínimo necessário para que pudesse ter uma equipe de futebol, pois é um esporte que agrega altos custos, e sem uma garantia de que as necessidades possam ser cobertas, tais profissionalizações deveriam ser reexaminadas.
Clubes aventureiros não cabem mais no mercado, que a cada dia é mais restritivo.
Divisões com a Série C e D poderiam contemplar mais equipes, regionalizadas, e com disputas finais entre os melhores, para que se conhecesse aqueles que teriam o acesso.
O Brasil é um continente, e necessita que seja tratado como tal. A Série E já é factível, e englobaria outros clubes que vivem apenas para uma competição em cada temporada.
Certamente haveria o fortalecimento, e uma renovação de atletas, que faz falta em nosso país. Os de sempre irão dizer que faltam recursos, o que não é verdade, desde que se criasse um Fundo Global do Futebol (uma ideia de nosso visitante Beto Castro há anos), certamente todas as divisões seriam aquinhoadas.
Não podemos continuar com clubes que obedecem a um calendário que começa as suas atividades em janeiro, com a necessidade de uma preparação antecipada, contratando comissão técnica e pelo menos 25 jogadores todos os anos, com altos custos burocráticos, e que no final da competição encerram as suas atividades, com prejuízos, que muitas vezes são cobertos por seus dirigentes.
Que modelo é esse, quando se paga para jogar?
Na verdade, o calendário é pernicioso, mas o sistema existente é mais grave, e que vem apequenando o futebol nacional, sem que os interessados reajam e analisem os procedimentos que deverão ser adotados, e entre eles a sua perenização, que é a peça chave de toda a reformulação pretendida.
O debate deveria ser nacional, uma vez que o interesse é de todos. Hoje vivemos de sonhos, mas a ilusão com esses é um devaneio.