CLAUDEMIR GOMES
"Vencer é o céu!". Eis a razão pela qual o torcedor do Santa Cruz anda rindo à toa. Afinal, nos últimos três jogos o time contabilizou três vitórias, todas pelo mesmo placar - 1x0 - resultados que lhes levaram a alcançar os objetivos dentro das metas traçadas: classificou em primeiro lugar do seu grupo para as quartas de final da Copa do Nordeste; empatou um clássico com o Sport atuando com o time reserva e conseguiu uma vantagem substancial para o segundo confronto com o Itabaiana, na busca por uma vaga nas semifinais da Copa do Nordeste. Tudo dento dos conformes, como manda o figorino no futebol de resultados. Detalhe: todos os gols foram oriundos de bola parada.
As disputas das quartas de final da competição regional começaram ratificando o favoritismo dos campeões - Sergipe 2x4 Bahia; River 2x3 Vitória e Itabaiana 0x1 Santa Cruz - fato que torna mais viável a possibilida de se ter dois clássicos estaduais nas semifinais. Evidente que temos de aguardar o resultado do confronto entre Campinense e Sport, que acontece na noite desta quinta-feira, em Campina Grande/PB. Enfim, tudo conspira para uma final entre Bahia e Pernambuco, principais praças do futebol nordestino.
O mestre, Lenivaldo Aragão, sempre nos alerta para o fato de que, no futebol não existe uma verdade absoluta. Verdade. Mas no caso desta fase da Copa do Nordeste tudo nos leva a crer que a lógica será obedecida. Questão de qualidade técnica. E peso de camisa também. Se tudo transcorrer de acordo com o cenário atual, as semifinais e a final serão marcadas pela rivalidade local, no Clássico das Multidões e no Ba-Vi, e pela rivalidade regional que já serviu de pano de fundo para inúmeros confrontos do frevo com o axé.
Apostando no futebol de resultados, creio que o Santa Cruz consolidará sua classificação para as semifinais no próximo sábado, no Arruda, no segundo jogo com o Itabaiana. Contudo, o time comandado por Vinícius Eutrópio terá que evoluir muito. A bola parada é uma alternativa para se chegar à vitória, mas não podeser o único meio, como está ocorrendo com o time tricolor que passou a ser dependente da maestria do zagueiro Anderson Sales. Sem a criação do meio campo e a objetividade do ataque, fica difícil apostar no bicampeonato.
CLAUDEMIR GOMES
O mestre, José Joaquim Pinto de Azevedo, diz, com propriedade, que o único fato novo no futebol pernambucano é o Salgueiro. Verdade. E o líder do Pernambucano 2017 é produto do movimento que marcou a evolução do processo de interiorização do nosso futebol. Tudo na vida segue um movimento. Quando este pára acontece a estagnação, a retração, involução e, por fim, a extinção. O mapa geográfico do Estado de Pernambuco é retilíneo e o movimento dar-se do litoral ao sertão. O movimento do futebol começou na Capital e seguia para o Interior. Alcançou o sertão, mas os atuais gestores não deram sustentação ao básico e fundamental.
O enfraquecimento do futebol do Interior reflete diretamente nos grandes clubes do Recife. Chegamos a um estágio onde o Estadual nem como laboratório está servindo, pois o modelo em vigor basicamente exterminou os clubes interioranos. Restou o Salgueiro porque fortaleceu sua musculatura em competições nacionais.É preciso retomar o movimento de fortalecimento do futebol do Interior sob pena de, num futuro próximo o Estadual ser reduzido a um quadrangular. O maior sinal de alerta para tal catástrofe é o fato de, mesmo antes de a bola rolar todos saberem que os semifinalistas desta edição do Pernambucano seriam Sport, Salgueiro, Santa Cruz e Náutico, uma vez que, Central e Belo Jardim estavam numa disparidade técnica avassaladora. A falta do movimento enfraqueceu os clubes do Interior e deixamos de ter parämetros para uma melhor avaliação dos times que disputam competições nacionais.
Os promotores da Copa do Nordeste tiveram a sensibilidade e o bom senso para enxergar e mudar o regulamento da competição que, a partir do próximo ano volta a contar com 16 clubes participantes. Um medida racional para elevar o nível técnico da competição que este ano foi bastante sofrível com 20 clubes na fase declassificação. A FPF acena com a possibilidadede mudança na forma de disputa do Pernambucano. A condição sine qua non para uma melhora de qualidade é a diminuição de 12 para 10 participantes com os clubes da Capital jogando no Interior, ou seja, é a retomada do movimento.
Existe a possibilidadede de Santa Cruz e Sport se confrontarem nas semifinais do Pernambucano e da Copa do Nordeste, fato que provocaria a disputa quatro edições do Clássico das Multidões no curto espaço de 20 dias, ou seja, a cada cinco dias teríamos um clássico. Overdose e banalização, apesar do caráter decisivo dos jogos.
CLAUDEMIR GOMES
Os números dão norte a tudo em nossas vidas, mas no futebol de resultados eles são ilusórios e não dão sustentação a trabalhos que buscam metas mais ousadas. A queda do técnico, Daniel Paulista, no Sport, é mais uma constatação desta realidade. A simples análise dos números credencia o profissional que teve um aproveitamento de 70% no comando técnico do elenco leonino. Entretanto, quem se dispôs a analisar as atuações, o desempenho da equipe diante de adversários de pouca qualidade técnica, concluiu que tais números estavam mascarando uma realidade.
Os clássicos funcionam como termômetro no futebol pernambucano, e Daniel não conseguiu adicionar nenhuma vitória no seu currículo após a disputa de quatro clássicos estaduais. Com o time titular, ou o alternativo, nas atuações do Sport na Copa do Brasil, no Pernambucano e na Copa do Nordeste, ficou evidenciado que o time não tinha um padrão de jogo. A impressão que ficava, a cada apresentação do time leonino, era de que o treinador não tinha embocadura para tocar aquele instrumento. O treinador tem qualidades, mas ainda não estava pronto para assumir um time do nível do Sport, que tem como meta um salto de qualificação no cenário nacional.
Um dos maiores defensores da efetivação de Daniel Paulista como técnico para a temporada 2017, foi o vice=presidente de futebol, Gustavo Dubeux. A aposta não deu certo, mas não anula o potencial do profissional. Acredito que, o maior problema é que o treinador demitido ainda era visto como companheiro por diversos jogadores que atuaram com ele quando de sua vida como atleta. O comandante tem sempre que ser visto num patamar mais alto. A diretoria não teve habilidade para administrar essa falha, não respaldou o treinador neste sentido.
O mercado brasileiro não dispõe de muitos nomes com perfil adequado para assumir o comando do clube rubro=negro, mas a diretoria procura um treinador que os jogadores olhem para ele de baixo para cima, fato que não ocorria com Daniel Paulista.