CLAUDEMIR GOMES
O fato de o Santa Cruz vir fazendo uma campanha brilhante neste início do Brasileiro da Série A, e o Sport se portar de forma inversamente proporcional, agitou o Clássico das Multidões programado para esta quarta-feira, no Arruda. A simples posição dos dois clubes na tabela de classificação - o Tricolor na terceira colocação e o rubro-negro na última - credita o Clube do Arruda a um resultado positivo. O argumento de que em clássico não existe favorito não tem consistência. Entretanto vale lembrar que favoritismo não é garantia de vitória. O Santinha vive um melhor momento, e isto é imperativo no futebol.
O futebol requer algumas análises que são desconsideradas pelos torcedores por conta do componente emoção. O maior adversário do Sport, no momento, é a pressão psicológica. O grupo perdeu a autoconfiança, e a sequência de partidas sem contabilizar vitórias provoca uma ansiedade incontrolável. O elenco é formado por jogadores experientes, mas até que surja um fato que venha resgatar a autoestima do grupo, fica difícil extrair o plus que o treinador espera para dar uma resposta a exigente torcida. Uma vitória no clássico serviria para uma mudança de cenário na Ilha do Retiro, onde todos se sentem pressionados - dirigentes e jogadores - por conta dos insucessos somados nesta temporada.
Com uma invencibilidade de 18 jogos, sendo quatro na Série A, o Santa Cruz exibe o ataque mais positivo da competição, e, de quebra, tem Grafite como o artilheiro da disputa com seis gols. O atacante de 37 anos tem sido o grande destaque neste início de campeonato, fato que levou vários clubes a fazerem propostas para tirar o artilheiro do Arruda. Domingo, ao final do jogo com do Corinthians com o Sport, na Ilha do Retiro, circulava nos bastidores do clube paulista a notícia do interesse por Grafite, inclusive, sobre uma provável proposta: Grafite por André e mais uma compensação financeira.
Não são poucas as especulações em relação ao interesse de clubes pelo artilheiro da Série A. Isso faz com que, a cada jogo aumente a marcação em torno do atacante do Santa Cruz. Se desvencilhar da implacável marcação dos zagueiros adversários é uma tarefa que Grafite executa com eficiência. O seu maior adversário, no momento, é a sequência de jogos. O Brasileiro da Série A chegou a uma fase onde os clubes jogam no meio e no final da semana, com viagens intercalando as partidas. Santa Cruz e Sport são os clubes que terão a maior quilometragem ao final da competição. Naturalmente que, os atletas mais jovens superam melhor a fadiga provocada pela sequência de jogos e viagens. É possível que chegue um momento no qual o técnico Milton Mendes se veja obrigado a poupar o seu artilheiro em alguns jogos.
Mas nesta quarta-feira o dia é de Clássico das Multidões, e todos os que forem a campo querem entrar para a história deste confronto de forma positiva. A rivalidade dita a ordem da superação.
Por ROBERTO VIEIRA
Artilheiro de fino trato.
Pessoa idem.
Os dias de Grafite no Brasileirão estão contados.
Cinco gols em duas rodadas - um deles contra.
Um pênalti cavado, cavadíssimo.
Grafite agora terá olhos de juízes e zagueiros em sua direção.
O que não significa que o centroavante irá parar de marcar seus gols.
Mas agora haverá uma diferença:
Grafite será o CARA a ser derrotado.
Santa Cruz é líder.
Como o Náutico em temporadas passadas.
Santa Cruz que pode também sonhar com Libertadores e com o título... por que não?
Só que os dias contados como azarão?
Estes dias também estão com os dias contados.
CLAUDEMIR GOMES
Antes
do jogo - Sport 1x1 Botafogo/RJ -, ontem à noite, na Ilha do Retiro,
o presidente leonino, João Humberto Martorelli, transitava nas
dependências do estádio escoltado por cinco seguranças. O fato nos
chamou a atenção por deixar claro que, o clima nos bastidores do
clube rubro-negro estava sujeito a trovoadas e tempestades, tal como
aconteceu na final do Pernambucano quando torcedores promoveram um
quebra, quebra na sede. Bom! Com o time praticando um futebol de
péssima qualidade, como vem ocorrendo, nada pode estar tranquilo e
favorável.
Mas o torcedor do Sport protestou da forma mais pacífica possível, contra mais uma apresentação bisonha dos comandados do técnico, Oswaldo Oliveira, que ainda não conseguiu nenhuma vitória a frente do rubro-negro pernambucano. Os mais sensatos, simplesmente viraram as costas para o time, ou seja, não foram ao estádio, numa demonstração inquestionável de que não estão satisfeito com tudo o que vem ocorrendo no futebol, cujo produto final é apresentado dentro das quatro linhas. Os mais apaixonados (6.117 torcedores), dotados de boa dose de masoquismo, alimentaram a esperança de testemunharem uma evolução na equipe, fato que não ocorreu.
O Sport jogou 20 minutos na base do abafa, marcou um gol num lance faltoso em cima do goleiro, Helton Leite, do Botafogo/RJ, e em seguida diminuiu o ritmo, fato viabilizou a reação do time carioca, que empatou o jogo e teve o domínio da partida em todo o segundo tempo, não chegando a vitória graças as defesas sensacionais do goleiro Magrão. O torcedor reagiu através da vaia, instrumento do qual dispõe para externar seu descontentamento, com um time que não tem qualidade para descrever uma boa campanha na Série A.
O contraponto ao cenário cinza foi a boa entrevista dada pelo técnico Oswaldo Oliveira, em que pese o chá de espera que deu nos repórteres que ficaram mais de 45 minutos a sua espera. Franco e atencioso, o treinador leonino não se negou a responder nenhuma das perguntas que lhes foram feitas. Oswaldo não pode ser cobrado pela montagem do grupo. Os equívocos devem ser colocados na conta da diretoria. O torcedor sabe disse, razão pela qual entoou no final do jogo: "Ô, ô, ô queremos jogador".
Erich Beting - Máquina do Esporte
O Brasil talvez seja um dos países em que a negociação de direitos de
TV do campeonato nacional seja das mais complexas do mundo.
Desde que o Clube dos 13 foi implodido, em 2011, temos engenhoso sistema de negociação, que exige das TVs um desperdício gigantesco de energia e que dificulta, ainda mais, qualquer mudança que ajude a melhor equiparar as receitas entre os times e a reduzir a força da Globo no domínio dessas negociações.
No processo de 1997 em que o Cade apurou se haveria um cartel formado por Globo, Globosat e Band, todas as informações relativas ao contrato de direitos de transmissão do Brasileiro tinha primordialmente quatro partes envolvidas. As três emissoras e o Clube dos 13.
Agora, o órgão de fiscalização precisa falar com as emissoras e, também, com cada um dos 20 clubes da Série A envolvidos nas negociações, sendo que cada um deles tem um tipo de contrato, com suas peculiaridades variando de acordo com as necessidades de fluxo de caixa, e não de interesse em negociar direitos.
Ao ler as justificativas dos clubes em escolher a proposta da Globo ou da Turner para o Brasileirão, os analistas do Cade devem começar a entender que o órgão precisa, urgentemente, fazer igual à Europa.
Lá, no fim dos anos 90, decidiu-se que o melhor para a saúde financeira do futebol era a negociação coletiva com a TV. Ela permite mais igualdade na negociação ante o poder econômico da TV e ainda gera divisão melhor de receita entre times.
O exemplo que era usado para isso? O sistema brasileiro do C13...
Blog do RODRIGO MATTOS
O impeachment da presidente Dilma Rousseff e a posse do novo governo
Michel Temer criaram um cenário favorável para a CBF. A CPI do Futebol,
principal foco de investigação da entidade, deve ser enterrada. A
diretoria da confederação já abriu diálogo com o novo Ministério do
Esporte, e vê possibilidade de boa relação com o presidente Michel
Temer.
Na semana passada, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, ligou para conversar com o novo ministro do Esporte, Leonardo Picciani. "Conversei com ele sobre o tema do futebol brasileiro. Queremos botar na pauta a internacionalização por meio da Apex (Agência Brasileira de Promoção e Exportação de Investimentos)", contou Feldman, que lembrou que o ministro já visitou a CBF antes.
O antecessor no Ministério George Hilton ficou do lado da Primeira Liga na disputa com a CBF, e bancou o Profut contra os interesses da confederação. "Havia diálogo com o ministro George Hilton também apesar de divergências", ressaltou Feldman. Ele disse que mantém relação institucional com os governos, e não festeja trocas no poder.
Mas agora há ainda a possibilidade de uma relação da confederação com a presidência que não existia com Dilma. Feldman disse que tem "relação histórica" com Temer, já que ambos foram do PMDB. E afirmou que o presidente Marco Polo Del Nero também o conhece, e pode procurá-lo no futuro. Temer recebeu o ex-presidente da CBF José Maria Marin, atualmente em prisão domiciliar, quando Dilma o ignorava.
Neste cenário, a CBF deve ter mais força nas negociações relacionadas aos cumprimentos dos requisitos do Profut (programa de refinanciamento de dívidas dos clubes). Por enquanto, a confederação não pediu as certidões fiscais para os clubes disputarem o Brasileiro. Há uma discussão jurídica sobre a obrigação desses documentos.
Ao mesmo tempo, a CPI do Futebol, principal pedra no sapato da CBF, ficou praticamente inviabilizada pelo relatório do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que se tornou ministro do Planejamento. Na visão da equipe do senador Romário (PSB-RJ), ele apressou o documento justamente para assumir o governo: não incluiu nenhum item das investigações, e apenas fez propostas para desenvolver o futebol. O documento foi considerado "muito consistente" pela diretoria da CBF.
A equipe de Romário (PSB-RJ) trabalha em um relatório alternativo que incluirá pedidos de investigação de dirigentes da CBF para o Ministério Público Federal. Baseia-se no que foi descoberto pela CPI. Mas tem minoria dentro da comissão, e dificilmente conseguirá aprovar o texto.
Ainda há uma tentativa de mudar a composição da comissão até agosto, data final da CPI. Mas até a equipe de Romário admite que seus adversários estão ainda mais fortes com Jucá como ministro. A alternativa será levar os documentos da CPI ao Ministério Público Federal mesmo sem aval dos outros senadores.
Sem a CPI, não haverá nenhuma investigação em curso contra cartolas da CBF. Há a ação do Departamento de Justiça dos EUA que acusa Del Nero de levar propinas em contratos da entidade. Mas, se ele não viajar para o exterior, não precisa responder as acusações. Já a ação no Comitê de Ética da Fifa contra ele nem o pune, nem o absolve, pois está há seis meses parada.
Ou seja, quase um ano após a prisão de Marin, a CBF parece ter obtido o seu respiro e controlado a situação.