CLAUDEMIR GOMES
Não consta como regra, mas é fato que, em qualquer competição de futebol no planeta terra, o mando de campo é uma vantagem substancial, e até determinante, para se chegar à vitória. No final de semana, em 24 jogos disputados no Campeonato Brasileiro - Séries A, B e C - tivemos o registo de 13 vitórias dos clubes mandantes; 7 empates e 4 vitórias de equipes visitantes.
O britânico, Charles Darwin, diria que o cenário está perfeito, e condiz com a Seleção Natural do Futebol. Agora, quem vai sobreviver, e alcançar o objetivo maior, que é o acesso a Série A, somente saberemos ao longo da competição. Tendências serão criadas, mas nem sempre consolidadas. Afinal, apesar de algumas pessoas insistirem de que futebol é uma matéria simples, comungo do pensamento de que se trata da ciência das incertezas, pois em nenhum outro esporte se contraria tanto a regra como neste ícone do entretenimento.
Sem desviar o foco, e com a certeza de que, num campeonato onde a meta prioritária é o acesso, podemos afirmar que, a sequência dos cinco primeiros jogos do Sport na Série B é por demais alvissareira para o time da Ilha do Retiro. Desde que o técnico, Mariano Soso, deixe de lado sua vocação de inventor como o professor Pardal.
O rubro-negro pernambucano faturou três pontos na sua estreia, em Manaus, foi o único time da Série B a vencer na condição de visitante, na rodada de abertura. O bicampeão irá a campo escudado nos três pontos contabilizados na Arena Amazonas, e se for fiel aos princípios da Seleção Natural do Futebol, conseguirá se sobrepor ao Vila Nova de Goiás.
Como numa competição parelha os detalhes fazem a diferença, jogar respaldado por um grande público, sexta-feira, na Arena Pernambuco, fará com que o pêndulo da balança beneficie ao Sport, que vem numa sequência de jogos invictos bem interessante.
Severino Otávio (Branquinho), ex-presidente do Sport, quando alguém lhe dizia que "técnico não ganha jogo", ele rebatia de imediato: "Não ganha, mas perde". Foi quase isso que aconteceu sábado, em Manaus. O Sport estava soberbo em campo, no confronto com o Amazonas, uma equipe altamente amadora, mas as mexidas que o técnico leonino promoveu na equipe, permitiu a reação do adversário que esteve próximo de empatar o jogo.
No Recife, com os Aflitos deserto, não foi permitida a entrada da torcida no estádio, o Náutico conseguiu um empate heroico - 1x1 - com o São Bernardo. Ficou evidenciado, mais uma vez, que, caso não invista em bons reforços, o alvirrubro pernambucano não passará pela seleção natural da Série C.
A grande sensação da rodada da Série A foi a esplendorosa atuação do árbitro FIFA pernambucano, Rodrigo Pereira. Foi perfeito na condução do clássico entre Palmeiras e Flamengo, os dois maiores pretendentes ao título. Não deixou que os jogadores "avacalhassem a guerra", e se impôs com elegância e autoridade. Em nenhum momento quis ser o centro das atenções. Com um pouco mais de cancha internacional, fatalmente estará na Copa de 2026.
CLAUDEMIR GOMES
O destaque da pauta esportiva desta sexta-feira é o início da disputa do Brasileiro da Série B. A %u201Ccorrida do ouro%u201D para os vinte clubes que, nesta edição, representam a Segunda Divisão da competição nacional, começa com os jogos: Botafogo/SP x América/MG; Novorizontino x CRB e Operário x Avaí.
São Paulo é o Estado com o maior número de clubes: seis. O que isso representa? Nada. Mas não podemos deixar de ressaltar que, os times bandeirantes irão encarar uma quilometragem menor que os outros concorrentes a uma vaga de acesso. A novidade da Terra da Garoa é o Santos. O clube alvinegro, que é mundialmente conhecido como - O Santos de Pelé -, pela primeira vez na história, estará disputando a Segunda Divisão Nacional. Sinais dos tempos.
As redes sociais têm revelado um monte de sabe tudo de futebol. Os novos senhores da verdade têm carregado nas tintas. Nos últimos dias parei para ouvir algumas análises. Confesso que me assustei com tanta elucubração. A turma rasga o verbo no pressuposto, faz uma leitura do futuro de forma tão clara que causa inveja a Mãe Diná e ao Pai Léo.
Futebol é uma caixinha de surpresa!
O alerta é infame. Mas também é antológico. Para os novos analistas tomarem ciência desta verdade verdadeira, ela foi criada quando das traves ainda eram quadradas. Técnicos e dirigentes de clubes adoravam repetir esta frase nos microfones das rádios. O mestre, Alfredo Augusto Martinelli, sabe bem disso.
Pois bem! A julgar pelas aparências, esta edição da Série B tem tudo para ser uma das mais equilibradas dos últimos anos. Dos vinte clubes, nove são creditados para conseguir o acesso a Série A em 2025: Santos, Sport, Coritiba, América/MG, Ceará, Ponte Preta, Goiás, Guarani e Paysandu. Evidente que tudo não passa de teoria. A prática poderá nos surpreender. Uma coisa é imutável: os números do acesso. Para ver o sonho se tornar realidade um time precisa contabilizar 19 vitórias e 8 empates, que lhes levará a 65 pontos.
A receita é a mesma: fazer bem o dever de casa e buscar uns pontinhos na condição de visitante para poder fechar a conta. O Sport estreia amanhã, em Manaus, onde medirá forças com o Amazonas, que está debutando na Série B. Apesar de muito gente alardear de que será um jogo dificílimo para o bicampeão pernambucano, sigo o pensamento do amigo, José Gustavo, cronista esportivo com larga experiência no futebol: "Este jogo tá na conta do Leão!".
Difícil serão todos os confrontos. Isto é fato. Mas quem não tem competência, não se estabelece. O presidente, Yure Romão, deu seu recado ao técnico num bom portunhol: "Acabou a temporada de experiências". Espero que o argentino, Mariano Soso tenha captado a mensagem do guru leonino.
Todo clube que tem como meta o acesso, durante o campeonato investirá em reforços. Somar pontos sempre é a receita infalível do sucesso, entretanto, quem chega com força na reta final normalmente surpreende. Ano passado faltou justamente isto ao Sport, que caiu de rendimento no returno.
A disputa se prognostica como parelha. Tem tudo para ser. Sendo assim, aconselho a não ficarem embevecidos com os cenários que estão sendo pintados pelos doutores que sabem de tudo.
Quando a bola rola, muda muita coisa. Quase sempre é assim.
Coisas do futebol!
CLAUDEMIR GOMES
O Campeonato Brasileiro - Série A - começou a ser disputado neste final de semana. A grata vitória do Fortaleza sobre o São Paulo - 2x1 - na casa do adversário, me fez lembrar a boa época em que o futebol pernambucano sempre tinha um representante, ou mais, na elite do futebol nacional.
"Sem sofrimento!", como diz o mestre, Humberto Araújo. Hoje é domingo, dia de não fazer nada, dia de se espalhar ouvindo uma boa música. O eleito foi o espetacular, Chico Buarque de Holanda, que décadas atrás nos brindou com uma pérola batizada por: Bom Tempo.
"Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo..."
Faço fé mestre Chico. Até porque os homens da minha geração sempre cantaram com o Ivan Lins: "Desesperar jamais. Aprendemos muito nesses anos".
O boato na praça é de que, deputados, vereadores, cronistas esportivos, torcedores, dirigentes, vendedores ambulantes, médicos, enfermeiros, ruralistas, a turma do MST, enfim, todos juntos, vão dar início a um movimento cujo objetivo é a restauração do futebol pernambucano. Dentre as metas traçadas, o impeachment do presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho.
O movimento vem ganhando corpo, queima que nem fogo de monturo, mas as primeiras labaredas devem aparecer nesta segunda-feira, quando do encontro do deputado, Eduardo da Fonte, com representantes da imprensa esportiva.
Vale lembrar que, Evandro Carvalho é tão querido no futebol pernambucano, quanto o ministro do STF, Alexandre de Moraes, é amado pelos bolsonaristas. Mas ambos resistem as "injustiças do amor". Sabem se defender com as armas do Direito, e posam como imexíveis, ou inatingíveis.
Evandro está na FPF desde a década de 80. Foi levado pelo ex-presidente, Fred Oliveira. Fez um bom trabalho na área jurídica. Seguiu como um fiel escudeiro do saudoso, Carlos Alberto Oliveira, e está sentado na presidência da entidade há mais de uma década. Apesar do conhecimento que tinha da casa, quando assumiu a presidência não correspondeu as expectativas. É o típico caso do sargento que vestiu a farda do general. Resultado: o futebol perdeu um excelente sargento e ganhou um péssimo general.
Recentemente estive na sede da FPF e fiquei impressionado com o deserto. Não é fácil encontrar uma viva alma no prédio que já foi referência entre as sedes das federações estaduais. Sinais dos tempos.
"Sinto falta do calor humano!", exclamou o sábio e sensível jornalista, Lenivaldo Aragão, que teve o privilégio de vivenciar o dia-a-dia da federação desde a época do presidente, Rubem Moreira.
Talvez a resposta daquele deserto em que se transformou a sede da FPF esteja na obra do colombiano, Gabriel Garcia Marques: "Cem Anos de Solidão". Ou nos trainees de ditadores que tem passado por lá.
Não podemos esquecer que, a dinâmica do futebol tem duas vertentes no Brasil: a que observamos no jogo jogado dentro das quatro linhas, e a dos bastidores, definida pelos gestores. Esta segunda não anda, razão pela qual nosso futebol está cada vez mais distante da nova ordem do futebol europeu.
O passarinho cantou que vem aí bem tempo.
Estou no aguardo.
CLAUDEMIR GOMES
A violência está na pauta do futebol brasileiro há um bom tempo. De Norte a Sul do País, são tantas as ocorrências registradas semanalmente que, agressão se tornou uma coisa banal. Acontece de diversas formas: verbal, com alto viés de encenação, física; contra árbitros; entre jogadores; confrontos entre torcedores de diferentes torcidas; afrontamento a policiais e seguranças, enfim, o pacote de maldades atende a todos os desejos e instintos.
O que fazer para pôr fim a este cenário?
A pergunta motivou a Federação Pernambucana de Futebol a criar a COMISSÃO PERMANENTE DE PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA NO FUTEBOL PERNAMBUCANO, que é presidida pelo Dr. Agnaldo Fenelon de Barros, e tem Bruno Loureiro Cavalcanti Batista, Edeilson Lins de Souza Júnior, Ivan Veigas Renaux de Andrade, Paulo José Pessoa Monteiro, Roberto de Acioli Roma e Rômulo Martins de Farias como membros desta ferramenta cujo desafio é encontrar uma forma de diminuir os índices da violência no futebol estadual.
A violência sempre foi uma matéria complexa, e a do futebol, alimentada pelo componente emoção, ganha uma proporção gigantesca, fato que lhe torna cada dia mais desafiadora. Dr. Agnaldo Fenelon conhece a matéria como poucos. Foi um dos articuladores e criadores do Juizado do Torcedor, ferramenta de combate a violência nos estádios pernambucanos que virou referência até no exterior. A época, os criadores do JT, órgão que conseguiu diminuir em 70% o índice de violência nos estádios recifenses, foram convidados para apresentar a experiência na Inglaterra, Espanha e em países da América do Sul.
A negligência de gestores políticos provocou uma desidratação no Juizado do Torcedor provocando um crescimento assustador da violência no futebol estadual.
A cruzada contra a violência no futebol pernambucano, capitaneada pela CPPVFP, tem como ponto de partida a criação de uma CARTILHA que servirá para orientar, e educar o torcedor. Profissionais de vários seguimentos da sociedade serão ouvidos e, quando estiverem com o manancial de sugestões em mãos, farão a triagem do que consideram válido para criação do instrumento.
Não por culpa da Comissão, o primeiro passo desta cruzada contra violência nos estádios pernambucanos, foi frustrante: dos 23 profissionais da imprensa convidados, apenas dois - Lenivaldo Aragão e Claudemir Gomes - compareceram ao encontro. As ausências dos tantos outros não foram justificadas.
A omissão pode ser interpretada como uma lavagem de mãos, coroada com uma irônica frase: "Meu negócio é criticar. Não apresentar sugestões".
Solitários e decepcionados com o descaso dos companheiros de classe que foram convidados para a reunião, que aconteceu na sede da FPF, eu e o mestre, Lenivaldo Aragão, fizemos um pacto, e nos esforçamos para, com nossos conhecimentos, repassar experiências que venham agregar algo a um projeto tão importante.
Desde cedo aprendemos que, "se todos varrerem a frente de suas casas, no final do dia a rua estará limpa". Nós - eu e Lenivaldo - fizemos a nossa parte.
Sucesso a Comissão nesta difícil empreitada!
CLAUDEMIR GOMES
O saudoso comentarista, José Bezerra - O Príncipe de São Caetano - ressaltava, com certa frequência, que: "2x0 é Placar de Otário". Apesar de respeitar, nunca defendi sua tese. Sigo o pensamento do mestre, Givanildo Oliveira que, do alto da experiência adquirida como atleta e técnico, nos assegura: "em decisão toda vantagem é válida".
As vantagens do Sport neste confronto final com o Náutico, hoje a tarde, na Arena Pernambuco, quando se conhecerá o campeão pernambucano de 2024, são inquestionáveis. Os rubro-negros venceram o primeiro jogo com uma diferença de dois gols; entrarão em campo respaldados por um coro uníssono de mais de 45 mil torcedores gritando o cazá, cazá, enfim, tudo parece conspirar para a conquista do seus décimo-primeiro título estadual no Século XXI.
Para inflar, ainda mais o ego dos leoninos, observamos que, nas 23 edições do Pernambucano disputadas neste século, Sport e Náutico mediram forças em seis finais, com o time da Ilha do Retiro somando cinco títulos contra um dos alvirrubros dos Aflitos.
O torcedor do Sport já desfila com faixa de campeão no peito. Nem dar ouvidos para o alerta sobre "Placar de Otário". Falar do "imponderável" tão difundido pelo grande, Nelson Rodrigues, soa com coisa do além. A turma do cazá, cazá quer mesmo é gréia. O futebol seria muito chato se não houvesse essa arriação saudável entre as torcidas.
Não existe prato mais insosso a ser oferecido do que uma final de campeonato entre times que não são rivais. Nas 23 edições do Estadual disputadas no Século XXI, tivemos as presenças do Central em duas finais; do Salgueiro em três, com o time do Sertão levantando o título em 2020, e do Retrô nos dois últimos anos.
Como diria o personagem, Odorico Paraguaçu, vivido pelo genial Paulo Gracindo, "não levo em conta o patrasmente", ou seja, me detenho apenas aos números dos campeonatos disputados no atual século, onde temos o Sport com a soma de dez títulos; Santa Cruz com seis; Náutico com seis e o Salgueiro com uma conquista.
O diferencial no novo tempo tem sido a violência. Quando era possível misturar cores e camisas, as disputas envolvendo Sport, Náutico e Santa Cruz eram mais atrativas, prazerosas, civilizadas. De repente, a violência invade a diversão mais popular do País. É como se estivéssemos num parque de diversão onde só existe casas dos horrores. A turma foi se especializando nisso, e a julgar pelo que foi feito na sede do Náutico, por torcedores do Sport, já existe especialistas em terrorismo.
Enquanto isso, os órgãos que respondem pela segurança usam fraldas.
A torcida do Náutico está tratando o novo técnico, Mazola Júnior, como o messias alvirrubro. O profissional passou 14 meses hibernando, foi acordado para vir treinar o Náutico, e estreia numa decisão contra o Sport, clube que já treinou.
Para conseguir o que parece impossível, e ser carregado nos braços como rei, Mazola terá que rezar na cartilha de Bezerra: "2x0 é Placar de Otário".
Vamos ao jogo!