Histórico
Futebol Pernambucano
Pura hipocrisia!
postado em 23 de fevereiro de 2024

Claudemir Gomes

 

A covarde agressão de alguns membros da Torcida Jovem do Sport, que apedrejaram, e jogaram bombas de fabricação caseira, no ônibus que transportava a delegação do Fortaleza, ferindo vários jogadores, ainda repercute. Aguardei a sequência dos fatos para poder externar minha opinião sobre o lamentável crime.

A pergunta que não quer calar: os culpados têm CPF ou CNPJ?

O futebol pernambucano é refém da violência das torcidas há décadas. Neste período vimos todos os poderes enfraquecerem. Literalmente baixaram a crista e estenderam o tapete vermelho para essas facções criminosas que cresceram mais do que a inflação brasileira na década de 80.

O Coronel Chico Heráclito já dizia lá, em Limoeiro: "Infeliz do poder que não pode".

Em Pernambuco ninguém pode com as organizadas. E assim, com o apoio dos dirigentes dos clubes, dos políticos e a omissão dos organismos que poderiam coibir a violência, elas seguem plantando o terror. Agora, com novidade no cardápio: agressão a delegação de clubes visitantes. Até então isto não havia acontecido no repertório dos horrores, onde já se tinha registros de óbitos; torcedores que ficaram paraplégicos... Cenário de pós guerra.

Quantos presos, julgados e sentenciados?

Esquece este detalhe! Isto é irrelevante. Bola pra frente! No futebol é assim.

Dizem que, quando não se pode com o inimigo, o ideal é se aliar a ele. Acredito que este seja o primeiro capítulo do Código Internacional do Crime. Mas os clubes pernambucanos seguem à risca. Virou regra. Presidentes levam representantes das organizadas para conversarem com jogadores; reservam lugar para eles nas apresentações de reforços; são convidados especiais nas posses das diretorias, enfim, caminham de mãos dadas com os líderes das facções criminosas.

Quando elas plantam o terror, os mesmos dirigentes aparecem na mídia exibindo uma indignação hipócrita.

Pernambuco sempre foi tido como um Estado de vanguarda. No combate a violência no futebol não deixou por menos: criou o Juizado do Torcedor. O órgão passou a ser referência no Brasil inteiro. Depois, os deputados diminuíram a autonomia de voo do referido juizado. E o negócio passou a correr solto para as organizadas. A Polícia Militar prendia os meliantes que logo em seguida eram liberados pela justiça.

Nos dois últimos dias não consegui acompanhar nenhuma resenha esportiva. Elas foram transformadas em resenhas policiais. Rádio, televisão, jornais, redes sociais, canais na web, todas as vertentes da comunicação foram utilizadas para explicações pouco convincentes sobre a covarde ação criminosa da uniformizada do Sport.

Vamos fazer; vamos tomar providências; vamos reforçar... A mais nova é de que as escoltas serão reforçadas para se oferecer mais segurança as delegações dos clubes visitantes.

Há décadas que o futebol leva "bola nas costas" das organizadas.

Várias vezes testemunhei a PM escoltando, com um grande aparato, torcidas organizadas pelas ruas do Recife.

Não entendo de segurança, mas pra mim tem alguma coisa errada neste angu de caroço.

Eita! Acabo de descobrir a pólvora: o problema é que, enquanto dirigentes de clubes, que apadrinham as facções criminosas esboçam uma falsa indignação, e as autoridades dizem que vão fazer, as uniformizadas já têm feito.

A questão é o tempo do verbo.

Confesso que, tudo que ouvi nestes dois últimos dias soou como pura hipocrisia. Meu sentimento é de que, os amarelinhos vão seguir plantando o terror, como fazem há mais de 20 anos.

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Artigos
Futebol e Carnaval
postado em 02 de fevereiro de 2024

CLAUDEMIR GOMES

 

Recife e Olinda, cidades que parecem irmãs siamesas, já respiram carnaval. O assunto em pauta é frevo e maracatu. Mas, a contragosto da Polícia Militar, que reconhece não ter efetivo suficiente para garantir a segurança em todos os entretenimentos, os dirigentes insistem em manter a bola rolando. Neste  final de semana começam as disputas da Copa do Nordeste, que este ano terá Sport e Náutico como os representantes pernambucanos.

Imposição do calendário!

Gritam os transloucados cartolas na tentativa de explicar esta inconcebível invasão de espaço. Numa olhada rápida na tabela da competição regional, observamos que tem jogos programados até para o domingo de carnaval, num flagrante desconhecimento do que representa, para os pernambucanos, esta que é uma das festas mais populares do nosso calendário cultural.

Lembrei do bloco capitaneado por Cleyton Pinteiro, em Porto de Galinhas: Que merda é essa?

Bom! Eu acho é pouco.

Se fosse no tempo em que o folião se armava com uma lança perfume e um talco, com certeza o futebol seria empanado por uma cortina de fumaça perfumada.

O Campeonato Pernambucano está se arrastando. Isto é fato. Os jogos têm sido tão atraentes quanto a Quarta-Feira de Cinzas. Quando vejo os torcedores nas arquibancadas lembro o bloco que fecha os carnavais: Os irresponsáveis.

O Náutico faz sua estreia neste sábado, quando recebe o Botafogo/PB, nos Aflitos. No mesmo horário, ali pertinho, pelas ruas do Espinheiro, desfilará O Oiti. O bloco arrasta multidão. Os mais comedidos improvisam camarotes e concentram. Ninguém quer deixar de dar uma espiadinha no Oiti.

Nos últimos dias, tem tido tanta confusão no Pernambucano que vi a hora a coisa ir parar na Sala de Justiça. O presidente da FPF estava brabo que nem um Siri na Lata. O negócio só acalmou quando gritaram: Tá maluco?

Se o Náutico construir uma boa vitória sobre o Botafogo/PB, o sucesso do Timbu Coroado estará garantido, para deleite do amigo Márcio Maia. A esta altura o mestre, Lenivaldo Aragão, estará de Bar em Bar. Quando ele cantar - Cisne Branco - sabemos que vai parar. Enquanto isso, Segura o Talo.

O amigo, Silvio Ferreira, sociólogo dos bons, nos assegura que, todos os torcedores são Amantes da Glória. Agora entendo porque os torcedores do Sport estão acreditando que o rubro-negro pernambucano se dará bem no confronto com o Bahia, domingo, na Fonte Nova, em Salvador, na estreia dos dois times na Copa do Nordeste.

O jornalista, José Neves Cabral, advertiu que tem gente vendo chifre na cabeça do leão, e foi taxativo: "Quem carrega chifre é a Cabeça de Touro."

Fora das disputas desta edição da Copa do Nordeste, os tricolores ficarão Bulindo no Caldinho. José Gustavo e Igor Iguaçã estão ansiosos para verem a Cobra Fumando.

A julgar pela temperatura dos dois movimentos populares - carnaval e futebol - acredito que todo torcedor é um folião em potencial. Sendo assim, fica difícil conciliar as duas coisas.

Acorda para ir ao desfile do Galo da Madrugada, faz uma pausa no Nós sofre, mas nós Goza, vai saudar O Homem da Meia Noite, e logo depois a turma chega gritando: Acorda pra tomar Gagau!

A maratona do frevo é uma doidera. Quem quiser pode subir na Porta. Quando o Ceroula desponta na 13 de Maio, é um pega aqui, passa mão acolá, funga no cangote, beija...

E todos se sentam quando Pedro Luís grita: SEGURUKU!!!!

Evoé.

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