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E se... 2. Sócrates
postado em 31 de janeiro de 2019

ROBERTO VIEIRA

 

O Doutor se debate em dúvidas. Não teria sido melhor Zoff defender a cabeçada histórica de Oscar? Não teria sido melhor cair ali mesmo em Sarriá? Mas como pode a derrota ser melhor que a vitória? Nem filosoficamente. A sua geração ficaria marcada como um futebol arte sem garra. Um bando de artistas circenses incapazes de resistir a um ex=presidiário em tarde de gala. Zico não merecia isso, nem Falcão, ou Cerezo, ou Júnior. Nem o teimoso Telê.

Nem Sócrates.

Mas agora havia a machadiana batata quente. Ao vencedor, por vezes, restam as batatas quentes.

Falar, discursar, beber chopps revolucionários era uma coisa. Botar o guizo no gato era outra. Sócrates era capitão da seleção. O avião está arrumado para Brasília. O general Figueiredo aguarda o escrete para celebrar o tetracampeonato mundial = bicampeonato da ditadura. Um feito e tanto para o discípulo de Geisel.

Médici está se mordendo de inveja.

O avião sobrevoa o planalto. Dá pra ver a multidão lá embaixo. A taça repousa nas cadeiras ainda com respingos de champanhe, cachaça e cerveja. O aparelho mais pesado que o ar é um canarinho que percorre os derradeiros  quilômetros para a festa dos campeões.

Os jogadores descem no aeroporto. Mortos de cansaço, mas imensamente felizes do final feliz, eles desfilam nos carros do corpo de bombeiros. De repente a surpresa. Ante o olhar estupefato de Telê Santana, Sócrates pela aos bombeiros que parem.

Levemente embriagado, cigarro nos lábios, sentimento do mundo entre as mãos, o meio=campista pula com a taça no meio do povo. A multidão, inicialmente incrédula, ergue nos braços o seu capitão. Aos poucos, um a um, os jogadores entendem o recado e também vão descendo do carro do corpo de bombeiros. Paulo Isidoro some entre os braços e vivas. Luisinho e Leandro seguem triunfantes seu destino de heróis. Valdir Peres chora = a imensa culpa pelos gols sofridos perdoada pelo suor candango.

As câmaras capturam o momento sem saber o que fazer. Não dá para censurar. Não dá para editar.

Um fotógrafo não hesita.

Escalado para documentar o instante do encontro entre Sócrates e Figueiredo, ele clica a imagem inesperada do militar em seu labirinto. Um presidente que subitamente não manda em nada nem ninguém.

A ditadura militar chega ao fim de mãos vazias.

O velho e sofrido povo que não sabe votar solta seu grito do Ipiranga.

"A Taça do Mundo é nossa!!!".

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Acontece
Me engana que eu gosto
postado em 30 de janeiro de 2019

CLAUDEMIR GOMES

 

No dia 19 de maio de 1982 a Seleção Brasileira fez um amistoso com a Suíça, no estádio do Arruda. O jogo fazia parte da preparação do time comandado por Telê Santana para a Copa da Espanha, Mundial que o Diário de Pernambuco cobriu com seis profissionais: Adonias de Moura, Valdir Coutinho, Claudemir Gomes (repórteres); Francisco Silva, Edivaldo Rodrigues e Maurício Coutinho (fotógrafos).

Pois bem! O mestre, Adonias de Moura, nosso editor, escalou o repórter Gilson Vieira para fazer a cobertura do vestiário da Suíça. Quatro repórteres foram escalados para o vestiário do Brasil, cuja grande novidade era a integração de Falcão ao grupo. Encerrado o trabalho no vestiário, todos nós fomos para o carro, onde Gilson nos aguardava com bastante tranquilidade.

A época, existia nas proximidades do Diário, um restaurante de nome Pique=Nique, que Adonias gostava de frequentar. Com muita assiduidade ele  nos convidava, após o fechamento do caderno de esportes, para tomar um "leite quente" (cerveja gelada), acompanhado de queijo coalho assado.

Naquele domingo, com a certeza de que havia fechado uma edição memorável com o jogo da seleção, chamou a todos da equipe para um brinde no Pique=Nique. Lá pras tantas, jornal já rodando, Adonias pergunta a Gilson: "Como é que foi no vestiário da Suíça?".

"Não foi", respondeu Gilson curto e grosso. Na sua narrativa deixou claro que não entrevistou nenhum jogador estrangeiro, argumentando que, ele não entendia o que os caras falavam, e vice e versa.

Adonias ficou vermelho e explodiu de raiva. Se sentiu lesado pelo seu repórter. O pior: no dia seguinte, milhares de leitores estariam sendo enganados com a exposição de entrevistas que não existiram. O editor não perdoou o repórter.

Os anos passaram e a arte de enganar, que era uma coisa abominável, se tornou uma prática comum.

Na Copa de 2002, disputada no Japão, um determinado chefe de equipe, de uma emissora de rádio que havia comprado os direitos de transmissão do Mundial, vendeu uma das cotas ao então presidente da FPF, Carlos Alberto Oliveira.

Brasil pentacampeão!

Por conta do fuso horário, o jogo final com a Alemanha foi na manhã do domingo, logo cedo. No dia seguinte, após o almoço, o "profissional" se fez presente na sede da Federação com pacotes de chocolates que supostamente teriam vindos do Japão.

A mentira transitou nos corredores da entidade, mas o presidente logo fez as contas e viu que para ele se fazer presente naquele horário, era necessário ter feito a viagem num supersônico. Dias depois se descobriu que toda a cobertura havia sido feita numa chácara em São Paulo, e os bombons comprados no bairro da Liberdade, na Capital Bandeirante.

A estória era repassada sem nenhum constrangimento, mesmo se sabendo que os ouvintes e os patrocinadores haviam sido enganados.

Vamos ao presente:

Com a televisão cobrindo todas as competições, as rádios aderiram ao "off=tube". Dublar sai bem mais barato, embora a qualidade fique comprometida. Mas se tornou regra.

O que é inadmissível é uma rádio com um dos prefixos mais tradicionais do Estado, dublar jogos que estão acontecendo na Arena Pernambuco, com narrador, comentarista e repórteres enclausurados no estúdio e bradando no microfone, "aqui na Arena Pernambuco...".

Me engana que eu gosto.

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Campeonato Pernambucano
Fim dos clássicos
postado em 28 de janeiro de 2019

CLAUDEMIR GOMES

 

O futebol pernambucano se apequenou tanto que os clássicos perderam o seu glamour, e até o status. Caíram no lugar comum. Evito fazer comparativos, traçar paralelo com épocas passadas, para não ser picado pelo vírus do saudosismo, mas o torcedor responde com seu desprezo. Afinal, o primeiro clássico do Estadual, com os dois times precisando da vitória, o confronto foi prestigiado por pouco mais de 8 mil pessoas.

Uma árbitra tecnicamente fraca, com visível sobrepeso na bunda, mais espetaculosa que eficiente. Duas torcidas ordeiras, mas um policial aloprado por pouco não provocou um tumulto ao "brincar" com spray de pimenta. Para completar, os treinadores se esforçaram para descobrir chifre em cabeça de cavalo, ou seja, tentaram atenuar os erros de suas equipes, atribuindo falhas a erros de arbitragem.

Bom! Outro Náutico x Sport somente nas próximas fases: nas quartas de final; nas semifinais ou na final, caso os dois venham a ser os protagonistas da decisão do título. Portanto, o técnico Márcio Goiano precisa arrumar seu time para outros confrontos. A verdade é que o sistema de contenção do Náutico tem sido reincidente em erros grosseiros que revelam as limitações técnicas do jogadores e um posicionamento tático equivocado. Falhas táticas têm que serem creditadas ao professor.

Vitória em clássico é sempre muito comemorada, principalmente quanto ela é convincente, razão pela qual os torcedores do Sport deixaram a Ilha do Retiro em estado de graça. No curto espaço de uma semana os leoninos constataram uma evolução no time comandado por Milton Cruz que o coloca na condição de grande favorito ao título estadual da temporada. Questão de qualidade.

A estratégia de colocarem as disputadas do Pernambucano e da Copa do Nordeste, uma por dentro da outra, acaba esvaziando as duas competições. Pior para o Estadual. A corda sempre se rompe do lado mais fraco. Por tudo o que aconteceu nos últimos anos, a competição doméstica se fragilizou perdendo espaço para a regional.

Vejamos: amanhã o Santa Cruz volta a jogar na Arena Pernambuco, partida que fatalmente será prestigiada por um público diminuto. Na quarta=feira também haverá jogo na Arena: Vitória x Central. Como bem diz o mestre, José Joaquim Pinto de Azevedo, "é a caravana da miséria".

No próximo final de semana teremos apenas um jogo válido pelo Pernambucano: América x Sport, domingo, às 16h, no estádio Ademir Cunha, em Paulista. Em contrapartida, teremos, no sábado, Salgueiro x Náutico e Santa Cruz x ABC, partidas válidas pela Copa do Nordeste.

O torcedor pernambucano, não sei os dos outros estados nordestinos, ainda não compraram este "baião de dois", que nitidamente não deu liga.

Se não buscarem novas possibilidades, estudarem novas alternativas, a tendência é a exclusão de uma das duas competições do calendário nacional.  

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Campeonato Pernambucano
A história se repete
postado em 24 de janeiro de 2019

CLAUDEMIR GOMES

 

A empolgação do Campeonato Pernambucano está na desigualdade existente entre os clubes da Capital e do Interior. Sport, Náutico e Santa Cruz, com estruturas infinitamente superiores as dos clubes interioranos, seguem como principais aspirantes ao título estadual. Os outros clubes participantes são meros figurantes, coadjuvantes que funcionam como complicadores. No final, sabemos que o título irá para o Arruda, a Ilha do Retiro ou Aflitos.

É o sambinha de uma nota só que faz a festa da galera por mais de um século. Os tropeços que acontecem neste início de disputa não dizem nada. Apenas chamam a atenção para a performance daqueles que irão se classificar para a próxima fase, as quartas de final.

O Central de Estevam Soares, atual vice-campeão estadual, contabilizou duas vitórias (Náutico e Salgueiro), e, como se prognosticava desde a chegada do treinador, a Patativa tem tudo para reeditar a boa campanha do ano passado e se posicionar como a melhor equipe do Interior.

O técnico do Santa Cruz, Leston Júnior, não poupou críticas ao gramado do estádio Áureo Bradley, em Arcoverde. Creditou o tropeço do tricolor a má condição do campo. Não está de todo errado, mas tem que olhar mais para o próprio rabo, ou seja, sua equipe ainda pratica um futebol muito fraco.

A forma de disputa do campeonato, com jogos apenas de ida até as semifinais, mudando apenas na decisão do título, quando teremos jogos de ida e volta, exige mais atenção e aplicação dos tradicionais "grandes" nos confrontos com os pequenos e intermediários. É que, pontos perdidos para os "complicadores", não são recuperados, razão pela qual, o clássico de domingo entre Sport e Náutico será decisivo para as pretensões de alvirrubros e rubro-negros.

A corrida pelo título exige planejamento, e dentre os itens a ser considerados está o mando de campo. Jogar na condição de mandante nas quartas de finais e semifinais é uma vantagem substancial. Portanto, para o Trio de Ferro da Capital, o primeiro desafio é concluir a primeira fase entre os quatro melhores pontuados na tabela de classificação, posições que asseguram a condição de mandante nas quartas.

Por enquanto a graça do campeonato está na zoeira que rola nas redes sociais, porque a qualidade do futebol é muito fraca. O Pernambucano se transformou num laboratório ruim.

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Artigos
Piscininha Amor!
postado em 22 de janeiro de 2019

CLAUDEMIR GOMES

 

A bola voltou a rolar nos estádios brasileiros!

Era o que estava faltando ao verão. Afinal, estamos vivenciando o "Janeiro de todos os espetáculos".

E haja gréa!

O mês de janeiro tem a cara do povo brasileiro, que nem tá ligando para o montão de contas que tem a pagar.

Não, não!

O momento é de curtição, de zoação. Começou mais uma edição do Big Brother e os Campeonatos Estaduais estão aí para a alegria da galera nas redes sociais. Os jogos são de péssima qualidade técnica, e o cenário deste início de temporada não serve de referência para nada. Logo, tudo muda radicalmente. Não esqueçam que estamos no momento de pré carnaval.

Os estádios pernambucanos ficaram quase vazios na primeira rodada do Estadual, mas as ruas da Velha Olinda estavam repletas.

Piscininha Amor!

A turma já entrou no meme que foi alimentado pelos jogadores do Cruzeiro, viralizou na internet. Esperto, o baiano Whadi Gama, de 17 anos, fez uma composição que fatalmente será o hit maior do carnaval.

Quem quiser ver, comentar e curtir o bom futebol, que acompanhe os campeonatos europeus pela TV fechada (canais pagos). Aqui no Brasil, até o carnaval, é "Piscininha Amor!".

O Sport perdeu para o Flamengo de Arcoverde (3x2), na sua estréia no Pernambucano, em plena Ilha do Retiro. Os tricolores zoaram muito nas redes sociais. O Estadual serve para isso, para os amigos zoarem uns com os outros.

O Náutico perdeu para o Central. Resultado que traduziu bem o jogo, não feriu a lógica e mostrou a dificuldade do técnico Márcio Goiano, neste início de ano onde a ordem é "Piscininha Amor".

E durante o Fantástico, programa de maior audiência da televisão brasileira na noite do domingo, o apresentador faz uma chamada para o Big Brother com a seguinte frase: "O jogo começa realmente hoje!".

Sem se desligar do seu iphone, Áurea Regina, minha mulher, exclama: "Liga não, é janeiro".

Em seguida, a atração maior do programa: Os gols da rodada.

Mas antes, uma matéria de quase três minutos para mostrar o meme que está sacudindo o Brasil, e que foi curtido por Neymar e Gabriel Jesus, na Europa.

"Piscininha Amor!".

É o janeiro de todos os espetáculos.

O prezado leitor deve está perguntando: "Claudemir não vai escrever sobre futebol?"

Calma amigo! Amanha a gente escreve sobre isso. Hoje é segunda=feira, daqui a pouca acaba o mês de janeiro.

O momento é de "Piscininha Amor".

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