CLAUDEMIR GOMES
Santa Cruz, Náutico e Salgueiro estréiam hoje, na milionária Copa do Brasil, que este ano pagará um prêmio de R$ 50 milhões ao campeão. O Sport inicia sua participação na próxima semana. De uma coisa temos certeza: nenhum dos representantes pernambucanos tem potencial para brigar pelo título. A meta de todos é contabilizar o máximo de cotas que serão distribuídas a cada fase.
Em épocas passadas, confrontos entre o Tricolor do Arruda e o Fluminense de Feira de Santana eram tidos como favas contadas pela torcida coral. O mesmo acontecendo com a queda de braço entre o Náutico e o desconhecido Cordino, atual vice=campeão maranhense. Entretanto, na atual conjuntura, ao invés de falar em vitórias, tricolores e alvirrubros preferem ir a campo com o regulamento da competição debaixo do braço, onde reza que, nesta primeira fase, decidida em apenas uma partida, o empate classifica a equipe visitante. Sendo assim, a torcida do Salgueiro, no Sertão pernambucano, também espera que o Carcará consiga empatar seu jogo com o Novoperário, em Mato grosso do Sul.
Mesmo respeitando o imponderável, o futebol segue uma lógica, como nos ensina o mestre José Joaquim Pinto de Azevedo. A Copa do Brasil segue sendo "vendida" como a competição mais democrática do futebol brasileiro, pelo fato de reunir mais de 90 clubes. A disputa começa com 80 equipes, e a partir das oitavas de final recebe os clubes que estão disputando a Libertadores e os campeões de outros torneios. Enfim, se conta nos dedos os times que participam da Copa do Brasil desde o seu início, que têm musculatura para ir até o final brigando pelo título.
O nível do futebol que os clubes pernambucanos têm apresentado no Estadual, e na Copa do Nordeste, nos leva a dar adeus as ilusões em relação uma campanha exitosa na Copa do Brasil. A competição mais valorizada do futebol brasileiro faz uma distribuição de cotas que seduz os clubes, mesmo os que têm pouco poder de fogo. Para clubes pequenos e medianos qualquer avanço representa lucro.
A mudança no regulamento, este ano o gol na casa do adversário tem o mesmo peso de um gol marcado na condição de mandante, pode limitar a ousadia de quem vai jogar como visitante. Na primeira fase, o empate castiga o clube anfitrião, fato que lhe obriga a tomar a iniciativa da partida. Na segunda fase, também decidida em uma única partida, o empate leva a uma decisão por pênaltis. Enfim, são vários cenários numa mesma disputa. A rica premiação, que supera até a da Libertadores da América, maior competição do continente, revela que a lógica segue princípios mercadológicos, e não princípios técnicos. Sinais dos tempos.
JOSÉ JOAQUIM PINTO DE AZEVEDO = blogdejjpazevedo.com
O maior campeonato nacional deveria ser o Brasileirão, mas para o Circo do Futebol esse foi relegado ao segundo plano com relação as premiações que serão pagas em 2018.
O Cruzeiro, que foi campeão da Copa do Brasil em 2017, recebeu R$ 6 milhões de prêmio. O clube que for campeão em 2018 terá em seus cofres R$ 50 milhões, enquanto o vice receberá R$ 20 milhões.
Para que se tenha uma idéia da realidade, o Corinthians, que foi campeão brasileiro da temporada passada, recebeu R$ 18 milhões de premiação, valor este que voltará a ser pago ao campeão deste ano. O segundo colocado na Copa do Brasil receberá um valor maior que o vencedor do campeonato maior.
Nem Freud poderá explicar.
Pelo sistema de distribuição de cotas dessa competição que estamos analisando, o campeão receberá um total de R$ 68 milhões. Óbvio que somos favoráveis a boas premiações, mas não poderia, nem deveria ser, com um abismo separando os dois eventos. Vai chegar um momento quando começar as oitavas de final, que irá acontecer um esvaziamento no Brasileirão para dar lugar pela opção do torneio que segue paralelo, como aconteceu em 2017.
Na Série A o campeão jogará 38 partidas, e na Copa do Brasil poderá acontecer com apenas 8 jogos, desde que os maiores clubes só entrarão na competição na quinta fase, ou seja, a partir das oitavas de final.
Trata=se de algo irracional e difícil de absorver.
Para os clubes menores a participação em apenas um jogo, a cota será entre R$ 800 mil e R$ 500 mil, quantia que poderá pagar muitas folhas salariais, embora a tendência é que esses sejam logo degolados.
São coisas do futebol brasileiro.
CLAUDEMIR GOMES
Em dezenove jogos disputados no Pernambucano, a quarta rodada será concluída hoje com o confronto do Sport com o Pesqueira, na Ilha do Retiro, tivemos o registro de 12 empates e 7 vitórias, números que ressaltam o equilíbrio estabelecido, e destacam um cenário pouco comum neste início de disputa com todos os clubes juntos e embolados.
O equilíbrio, no entanto, não atrai o torcedor aos estádios, visto que, ele sabe que a paridade é resultante da queda de qualidade. O baixo nível técnico dos times montados para a competição estadual é bem visível quando as equipes são obrigadas a propor o jogo. Neste final de semana, tivemos um exemplo real. Náutico, Central e América, que na rodada do meio de semana se destacaram nos confrontos com Sport, Santa Cruz e Salgueiro, respectivamente, não conseguiram, neste domingo, o mesmo brilho diante de adversários, teoricamente, menos qualificados, quando tiveram a obrigação de propor o jogo. O Náutico teve que se contentar com o empate de 1x1 com o vitória; o América chegou a abrir uma vantagem de dois gols diante do Afogados, mas cedeu o empate, e o Central, jogando em casa, não saiu do zero a zero com o Flamengo de Arcoverde.
O Sport, que no meio da semana foi goleado pelo Náutico (3x0), não perdeu a condição de favorito no jogo de hoje a noite com o Pesqueira, lanterna do campeonato, na Ilha do Retiro. O campeão pernambucano vai ter que propor o jogo, e por mais dificuldade que o adversário venha criar, pois possui uma das melhores defesas da competição até o momento, nenhum apostador acredita que o Leão venha tropeçar novamente.
A quinta rodada, programada para o próximo final de semana, com três partidas no sábado, e sem nenhum jogo no Recife, por conta das prévias, nos oferecerá alguns confrontos interessantes: Central x Sport, sábado, em Caruaru; Salgueiro x Santa Cruz, também no sábado, no Sertão, e Vitória x América, no domingo, na Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata.
Há alguns dias postei que, a partir da quinta rodada o cenário muda. Isso acontece em quase todas as disputadas, principalmente em início de temporada. O baixo nível técnico dos jogos não é privilégio do Pernambucano. Nos outros estaduais a realidade é similar. Coisa de um futebol onde os clubes não têm tempo adequado para uma pré temporada.
O Central vem apresentando um bom futebol e deve ser um excelente teste para o Sport de Nelsinho Batista. O alvinegro caruaruense é um dos quatro invictos do campeonato. Detalhe: todos os invictos são do Interior. O Santa Cruz, que folgou na quarta rodada, vai ao Sertão medir força com o Salgueiro. O atual vice=campeão estadual sempre foi uma pedra no caminho dos grandes da Capital. Sábado não será diferente. Salgueiro e Santa Cruz vão ter que driblar o cansaço, pois nesta quarta=feira, ambos estréiam na Copa do Brasil. O Santa Cruz vai a Feira de Santana, no Interior da Bahia, enfrentar o Fluminense, enquanto o Salgueiro vai ao Mato Grosso enfrentar o Novoperário.
Vitória e América vivem suas primaveras no Estadual. Por tudo que produziram até o momento, ambos irão a campo com a necessidade de propor o jogo, fato que vai obrigar os dois técnicos a definirem propostas ofensivas.
O Náutico vai ao Maranhão, no meio da semana, enfrentar o Cordino, na sua estréia na Copa do Brasil, e no final de semana vai ao Interior enfrentar o Pesqueira. A partir desta quarta=feira, Náutico, Santa Cruz e Salgueiro estarão participando de três competições simultaneamente: Pernambucano, Copa do Nordeste e Copa do Brasil. Em início de temporada essa avalanche e jogos é desumana. Dose pra mamute. Vale salientar que, de acordo com a mudança de regulamento da competição nacional, os jogos das fases iniciais são decisivos, ou seja, o passaporte para a fase seguinte tem que ser carimbado numa única partida.
São muitos fatores interferindo, razão pela qual, todos seguem juntos e embolados neste início de Pernambucano, onde o descanso pode representar uma vantagem substancial. Sendo assim, a quinta rodada do Estadual vai servir para mostrar "quem tem garrafa para vender".
CLAUDEMIR GOMES
O futebol pernambucano, há mais de um século, se projeta através de três pilares - Sport, Náutico e Santa Cruz - clubes tradicionais, seculares, que ao longo dos anos conquistaram a simpatia dos amantes do futebol. Os outros times, por não terem potencial, nem capacidade, de brigar por títulos, eram sempre relegados a um segundo plano. Na história do campeonato estadual não há registro de um campeão do Interior. Dentro deste contexto, surpreende o fato de, após a terceira rodada do Pernambucano 2018, a competição não ter o Trio de Ferro da Capital brigando pelas primeiras posições na tabela de classificação. Apenas o Náutico briga pela liderança.
Os primeiros resultados surpreendem, mas é muito cedo para se chegar a conclusão de que estamos assistindo a uma revolução que vai mudar o curso do futebol pernambucano. Sempre combatemos as análises feitas com base apenas nos resultados. É preciso avaliar outros fatores.
As quedas de Náutico e Santa Cruz para a Série C Nacional, implicam em grandes consequências para o nosso futebol. Tal fato reflete na performance desses clubes na competição doméstica e na Copa do Nordeste. A queda de receita impõe limitação em investimentos, por conseguinte numa queda de qualidade. Afinal, o que é bom custa caro. Esta regra também se aplica no futebol.
Ontem, no Arruda, após o empate (1x1) do Santa Cruz com o Central, com o time da casa levando um sufoco do alvinegro caruaruense no segundo tempo do jogo, a torcida tricolor ensaiou uma vaia numa demonstração inconteste de descontentamento com o que assistiu. Foi a quarta apresentação do time do Arruda na temporada, e nenhuma vitória contabilizada. A montagem do grupo já era questionada, e a desenvoltura da equipe nesses jogos não provocou bons sentimentos no seio da torcida que, deu mais uma prova de força no meio da semana ao registrar o melhor público da rodada.
O Central também é um clube de parcos recursos. No final da temporada passada viveu momentos de turbulência durante a realização da eleição para escolha dos novos gestores. A diretoria deu um passo certo ao apostar no experiente técnico, Mauro Fernandes, que com seu conhecimento de mercado conseguiu recrutar bons jogadores, e seu grupo parece ter dado liga na largada do campeonato. A Patativa do Agreste tem exibido o melhor futebol nas três rodadas iniciais. Evidente que é cedo para afirmar que o time vai alçar voos mais altos, mas tem causado boa impressão.
O América, que está sendo recriado dentro de um novo modelo de gestão, também causou boa impressão nas suas primeiras apresentações. A tabela foi madrasta com o Periquito, ao lhe reservar, de cara, jogos com o Náutico, Santa Cruz e Salgueiro, sendo dois na casa dos adversários. O saldo foi positivo
A expectativa é que haja mudança de cenário a partir da quinta rodada. Isto parece ser regra em toda a competição. Enquanto não acontece, é bom observar os efeitos de um equilíbrio causado pela perda de status de Náutico e Santa Cruz.
CLAUDEMIR GOMES
"Que
tiro foi esse?
Que tiro foi esse que tá um arraso?
Que tiro foi esse?
Que tiro foi esse que tá um arraso?"
E foi assim, surfando na onda da funqueira, Jojo Maronttinni, que a torcida do Náutico se esbaldou no mais improvável dos bailes Vermelho e Branco. A prévia é tradicional no carnaval pernambucano, principalmente quando o foco são os salões dos clubes. Mas ontem ela foi realizada na Arena Pernambuco, um equipamento multiuso, e que teve como tema: O futebol não aceita soberba. A decoração foi um placar de 3x0, resultado que nem o mais otimista dos alvirrubros aguardava nesta surpreendente vitória do Náutico sobre o Sport.
Antes de a bola rolar, no jogo das palavras, o técnico do Náutico, Roberto Fernandes, dizia que esperava que o improvável acontecesse. Aconteceu.
Na atual conjuntura do futebol pernambucano, o Sport é apontado como franco favorito na corrida por mais um título estadual. Mas dentro das quatro linhas é necessário que haja empenho, harmonia, foco e um conjunto bem treinado. Tudo isso faltou ao time da Ilha do Retiro.
Que tiro foi esse?
Que deixou o técnico, Nelsinho Batista, sem perceber os sinais. Afinal, seus comandados tiveram uma atuação pífia no empate sem gols contra o Flamengo de Arcoverde; superou o frágil time de Afogados da Ingazeira (2x0) na Ilha do Retiro, sem apresentar um futebol convincente. Que o fez deixar no banco o melhor jogador para ocupar a lateral direita e lhe acionou somente no segundo tempo do jogo.
Que tiro foi esse?
Que evidenciou, mais uma vez, a fragilidade do setor defensivo leonino. Que fez o goleiro Magrão a cometer erros grotescos e imperdoáveis para um profissional da sua categoria. Que deixou o time do Sport sem saber jogar pela direita.
Que tiro foi esse?
Foi o tiro para acordar uma diretoria que se acostumou a comer galeto e arrotar lagosta. Que esqueceu a conquista do título estadual de 2017, que foi empanada por um erro absurdo de um árbitro de vídeo. Que não lembra mais o sofrimento imposto a uma torcida até a última rodada da Série A, e volta a investir em jogadores que não têm a mínima condição de defender um time que está na Série A Nacional.
Que tiro foi esse que tá um arraso?
Foi o tiro do irrequieto Roberto Fernandes, que soube fazer a leitura correta do clássico, deixou para o favorito adversário a responsabilidade de propor o jogo explorando a única alternativa que lhe restava: o contra-ataque. Funcionou a contento diante das falhas de marcação e dos erros na saída de jogo dos leões.
O Sport tinha a posse de bola e a posse territorial, mas lhes faltou eficiência e precisão nas finalizações, fato que facilitou a proposta defensiva do time do Náutico.
"Quer causar, a gente causa
Quem sambar, a gente pisa!...
Que tiro foi esse que tá um arraso?"